sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Vida dura


Estudante lésbica chamada de "isso" por professores resolve processar a escola





 
Na ação, além de uma indenização por quase dois anos de bullying, família da menina exige reforma no sistema escolar do distrito para que outros não passem pelo mesmo sofrimento
 Desde o primeiro dia de aula na escola Magnolia Junior High, em Moss Point, Mississipi, em 2011, a estudante Destin Holmes, hoje com 17 anos, sofria com o bullying vindo de colegas. Ela os ouvia sussurrar, se perguntando se a nova aluna seria um menino ou uma menina. Mas o pior, de acordo com um processo federal movido pela família da garota (que exige, além de indenização, uma reforma no distrito escolar), foi quando os professores também passaram a discriminá-la.  
Ao The Huffington Post, Holmes, que é lésbica assumida e não se veste como a maioria das outras garotas da sua escola, disse que era constantemente chamada de "it" ("isso"), pronome neutro que serve tanto para indicar algo masculino quanto feminino.
 A menina coleciona histórias de preconceito. Certa vez, um dos professores a fez usar o banheiro masculino. Em outra oportunidade, um docente a impediu de participar de uma sessão de jogos na aula de matemática, pois a turma seria dividida entre meninos e meninas e ela não se enquadrava em nenhuma das duas "categorias" – o professor queria que ela sentasse no meio da classe. "Chorei durante essa aula", lembra Holmes em entrevista ao jornal. "Eu me perguntava por que um professor profissional fazia isso com um aluno? Eu ainda sou um ser humano. Eu não sou uma alienígena!". 
 A tentativa de buscar ajuda na direção também não deu em nada. Ela chegou a ser chamada de "idiota patética" pelo diretor, que teria dito, de acordo com o processo, que não queria "uma lésbica em sua escola". 
 Quando o nível de agressões atingiu o insuportável e a garota já não conseguia mais se concentrar em aula, atingida que era por bolas de papel, canetas quebradas, borrachas e outros objetos, a família decidiu que era hora de acabar com o sofrimento da menina, e resolveu ingressar com uma ação judicial. 
 No processo, escola, superintendência e conselho escolar são acusados de assediar moralmente a garota por causa de sua orientação sexual. Para a família de Holmes, essa não é apenas uma ação para melhorar a vida da menina no colégio, mas para tentar mudar uma cultura de preconceitos que existe no sistema colegial. Assim, além de pedir uma indenização, a ação também pede uma série de reformas no distrito escolar. 
 "Eu quero ser tratada como todas as outras crianças da escola. Eu vou para a escola para receber educação, não para sofrer bullying", completa a garota.


Ele é mais velho
Conheça histórias de casais gays com diferenças de até 48 anos de idade




Um dos assuntos mais comentados dos últimos dias, o suposto romance entre o mergulhador britânico Tom Daley e o premiado roteirista Dustin Lance Black surpreendeu não só por unir personalidades de universos distintos, mas também pela diferença de idade existente entre os dois. Ídolo dos adolescentes ingleses, Daley tem 19 anos. O vencedor do Oscar pelo script de “Milk – A Voz da Igualdade” tem mais que o dobro, 39.
Essas duas décadas que separaram o nascimento deles suscitaram especulações sobre a durabilidade do romance. A questão principal apontada foi: um relacionamento com uma diferença geracional grande pode dar certo?
No caso de Daley e Black, só o tempo vai dizer se a resposta será sim ou não. Mas os parceiros anônimos desta entrevista, vivendo uma situação similar a do casal famoso, respondem que é possível ver um relacionamento nestas condições dar certo, mas que é preciso respeitar certas condições para isso acontecer.
Os 48 anos de diferença de idade apresentados pelo casal formado pelo ativista LGBT Ricardo Aguieiras e pelo estudante John Botelho fazem as duas décadas de Black e Daley parecerem um número não tão significativo. Ricardo tem 67 anos, e John, 19.
“Sempre me interessei por homens mais velhos. Alguns amigos dizem que é uma maneira de eu suprir uma paternidade ausente. Mas essa explicação nem cabe, já que a relação com meu pai é ótima. Ele é muito presente e participativo na minha vida”, explica John, dizendo ainda que a diferença de idade proporciona uma troca de experiências rica com alguém que já viu muito da vida.
Para Ricardo, que vive com o companheiro em Manaus, essa troca acontece em todas as questões do dia a dia, inclusive na hora de ouvir música. “Eu apresentei para ele cantoras como Judy Garland e Barbra Streisand. Ele me mostrou bandas como Legião Urbana e Coldplay”, conta o ativista.
Na conversa com a reportagem, a admiração mútua entre o ativista e o estudante fica evidente. Aliás, eles consideram esse fator preponderante para relação como a deles dar certo.
“Acho o Ricardo genial, sinto que posso passar a vida inteira conversando com ele e que sempre vamos ter assunto”, elogia o parceiro, que recebe de volta o carinho do marido. “Fico impressionado com a maturidade do John, principalmente pela pouca idade dele”.
Nem pai, nem ‘tiozão que banca’
Na relação do professor de inglês Marcelo Polato, 43, e do turismólogo Robson Rodrigues, 29, o aprendizado de um parceiro com o outro também é bem presente. Robson revela que o parceiro lhe ensinou a ser mais perseverante, por exemplo. “Aprendi com ele a confiar mais em mim e a não desistir dos meus objetivos... Ele me conheceu quando eu estava mal de grana, me apoiou e até me ajudou. Algo bem distante daquela imagem do ‘tiozão’ que banca.”
Por outro lado, Robson ajudou o companheiro a ser menos intransigente com ele mesmo. “Aprendi a ser menos rígido, a não me preocupar com coisas que não dependem apenas de mim”, diz Marcelo, que viu o companheiro mais jovem ajudá-lo a sair do armário de um modo mais definitivo.
“Minha primeira balada gay só aconteceu quando eu tinha 37 anos. Demorei a me assumir. Já fui casado e tenho um filho de 12 anos. Foi só depois de estar com o Robson que falei abertamente da minha orientação sexual para a minha família e amigos”, reconhece Marcelo, que vive com o parceiro em Cotia, na Grande São Paulo.
A boa sintonia do casal não impede que eles passassem por situações constrangedoras. “Durante uma viagem para ao Chile, fomos confundidos como pai e filho o tempo todo, pelos vendedores, pelos guias e até pelo oficial da imigração”, relata o Marcelo, rindo ao lembrar a situação. No entanto, ele admite que em alguns momentos essa questão torna-se embaraçosa. “Quando dizemos que somos casados, algumas pessoas ficam constrangidas. Só não sei se é apenas pelo fato de sermos gays ou pela questão da diferença de idade”.
O relacionamento do estudante Carlos Henrique, 24, com o militar aposentado Luiz Pereira, 54, já dura cinco anos. Carlos acredita que não teria crescido tanto como pessoa neste período caso tivesse passado esse tempo todo com alguém da mesma idade.
“A bagagem de quem é mais velho só acrescenta. Isso me tornou uma pessoa com outro olhar para vida. Na idade em que estou hoje, me sinto preparado para determinadas situações da vida que não estaria caso estivesse alguém mais novo”, analisa Carlos.
Por causa do namorado, Luiz decidiu até voltar para os estudos numa universidade do Rio de Janeiro, cidade onde os dois vivem. “Ele está aposentado dos serviços militares e decidiu estudar Direito comigo. Estamos aprendendo juntos não só vida, mas também na faculdade”, conclui Carlos.

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