sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Mundo gay


Revista gay escolhe Papa Francisco 'personalidade do ano' nos EUA






A tradicional revista americana pró-direitos dos gays "The Advocate" escolheu o Papa Francisco como sua "personalidade do ano" de 2013 nesta terça-feira (17), mesmo dia em que o pontífice argentino celebra seu aniversário de 77 anos. 
A revista argumentou que concedeu a honraria ao Papa porque, ainda que ele se mantenha contrário ao casamento gay, seu pontificado demonstrou uma "profunda mudança na retórica (anti-gay) em relação a seus predecessores".
A capa destaca uma frase de Francisco dada em entrevista em julho: "Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?"
A revista afirma que a organização gay católica "Equally Blessed" (Igualmente Abençoados) considerou a frase "algumas das mais encorajadoras palavras que um pontífice já disse sobre gays e lésbicas".
À época, o Vaticano frisou que as palavras do Papa não mudavam a posição da Igreja Católica, de que as tendências homossexuais não são pecaminosas, mas os atos, são.
Ainda assim, a comunidade gay e muitos heterossexuais na Igreja saudaram o que viram como uma mudança de ênfase e um pedido para que a Igreja tenha mais compaixão e menos condenação.
A Advocate disse que ninguém deve "subestimar a capacidade de qualquer papa de convencer corações e mentes na abertura para pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais)".
Na semana passada, a revista "Time" concedeu o mesmo prêmio ao Papa Francisco, elogiando o pontífice por ter mudado a mensagem da Igreja Católica em prol do perdão em vez da condenação.


Tribunal da União Europeia garante direitos trabalhistas a casais gays em todos os países membros



Ao ter negado os mesmos direitos concedidos aos casais heterossexuais, o funcionário do banco francês do Crédit Agricole, Frédéric Hay, entrou com uma ação no Tribunal da União Europeia em 2012. Em união de parceria civil, única possibilidade para homossexuais no país em 2007, o francês entrou com ação para garantir seu direito a dez dias de licença, conforme contrato coletivo de trabalho e a um prêmio correspondente ao tempo de trabalho, o que daria direito a Hay a pouco mais de R$ 8 mil de bonificação. Na semana passada, o tribunal de Luxemburgo decidiu que o caso é uma clara discriminação, já que o casamento não era possível por causa de ausência de legislação mas a união existia de fato. Por conseguinte, a decisão vinculada por analogia passa a valer em todo o território da União Européia.
Desde 2012 o bloco reconhece a união gay mas decidiu que cada país deve legislar por seu reconhecimento, porém com a decisão assume que mesmo sem o reconhecimento legal, os trabalhadores homosexuais não podem ser discriminados em seus direitos trabalhistas.
Em 2008, o Crédit Agricole alterou suas normas e reconheceu a união gay mas o funcionário não foi beneficiado pois a norma não teve valor retroativo, então Hay entrou com a ação, exigindo seu direito no Tribunal do Trabalho  da França, em seguida para a corte de recursos do país que solicitou ao Tribunal Europeu uma interpretação sobre o caso. O casamento gay só foi reconhecido em 2013 pela França.
"A legislação de um Estado membro que atribui unicamente aos trabalhadores casados o direito a benefícios cria uma discriminação direta por motivo de orientação sexual em prejuízo dos trabalhadores homossexuais em união de fato", decidiu o tribunal em ação que normatiza a situação do funcionário que agora irá aguardar a decisão da corte de seu país. Em outro recurso, a Alta Autoridade de Luta contra a Discriminação e pela Igualdade (Halde), considerou que Hay fora vítima de discriminação no trabalho.

Boicote: Obama ficará em casa e enviará atletas gays à cerimónia de abertura dos Jogos da Rússia






Está em curso um boicote internacional aos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia, mas é um boicote diferente daqueles a que a história do desporto tem habituado os seus adeptos. Depois de os presidentes da Alemanha e de França terem anunciado que não vão estar presentes na cerimónia de abertura, o americano Barack Obama fez saber que vai fazer-se representar por uma delegação liderada por uma figura sem responsabilidades na atual Administração e que inclui duas atletas lésbicas.
A justificação oficial é que Obama já tem a agenda preenchida, pelo que não poderá esta na cidade russa a 7 de Janeiro de 2014, mas a decisão está a ser interpretada como uma mensagem forte contra a legislação antigay aprovada na Rússia.
Desde o Verão passado, a "propaganda da sexualidade não-tradicional" na presença de menores é punida no país com multas e penas de prisão, pelo que os atletas que vão estar nos Jogos de Sochi arriscam-se a ser acusados se protagonizarem alguma forma de protesto. A lei é suficientemente vaga para abrir a porta à punição de um beijo ou de uma declaração pública em defesa dos direitos dos homossexuais.
É verdade que os presidentes dos EUA não costumam estar presentes nas cerimónias de abertura dos Jogos Olímpicos – de Verão ou de Inverno –, mas enviam em sua substituição personalidades relacionadas com o peso do cargo.
Foi assim na última década, desde os Jogos Olímpicos de 2004. Nesse ano, em Atenas, esteve presente o antigo Presidente George Bush, que repetiu a representação em 2008, em Pequim. No ano passado, em Londres, foi a mulher do Presidente norte-americano, Michelle Obama, a assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.

Em 2010, nos Jogos de Inverno de Vancouver, os EUA foram representados pelo vice-presidente, Joe Biden, e pela sua mulher, Jill Biden. Em 2002, o Presidente George W. Bush esteve no arranque dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City – uma presença comum para um chefe de Estado quando um evento desportivo desta importância se realiza no seu país.
"Diversidade, determinação e trabalho de equipa" O anúncio da Casa Branca confirma aquilo que o Presidente Barack Obama já tinha dado a entender no início de Agosto, numa conferência de imprensa em que também falou sobre o estado das relações entre os EUA e a Rússia.
"Ninguém se sente mais ofendido do que eu com as leis antigay na Rússia", disse Obama, sublinhando que, apesar de tudo, não considerava "adequado" um boicote aos Jogos Olímpicos. "Temos muitos americanos a treinar e a fazer tudo o que podem para terem sucesso", frisou o Presidente dos EUA, afastando a hipótese de um boicote assente na ausência de atletas, como aconteceu em Moscovo 1980 e em Los Angeles 1984.
A mesma posição foi tomada pelos presidentes alemão e francês, Joachim Gauk e François Hollande, e pela comissária europeia para a Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding – os atletas vão, mas estes responsáveis políticos ficam em casa.
Apesar de a ausência de Obama ter sido justificada com questões de agenda, a composição da comitiva e o texto do comunicado deixam perceber o que está em causa: "O Presidente Obama está extremamente orgulhoso dos nossos atletas dos EUA e ansioso por apoiá-los a partir de Washington. Ele sabe que eles vão mostrar ao mundo o melhor da América – diversidade, determinação e trabalho de equipa."
Também o porta-voz da Casa Branca, Shin Inouy, deixou clara a mensagem enviada ao Kremlin: "A delegação norte-americana aos Jogos Olímpicos representa a diversidade que define os Estados Unidos. Todos os membros da nossa delegação distinguem-se pelos seus méritos no governo, no activismo cívico e no desporto."
"Tomada de posição incrivelmente respeitadora" O significado da delegação norte-americana na cerimónia de abertura é definido também pelo seu pouco peso político, tendo como líder a ex-secretária da Segurança Nacional, Janet Napolitano. Mas a principal notícia é que inclui duas personalidades do desporto que tornaram pública a sua orientação sexual e que têm feito várias declarações contra a legislação antigay aprovada na Rússia: a lenda do ténis Billie Jean King e Caitlin Cahow, da equipa feminina de hóquei no gelo.
Para Cahow (medalha de bronze nos Jogos de Turim 2006 e de prata em Vancouver 2010), a composição da comitiva "é obviamente uma tomada de posição, uma tomada de posição incrivelmente respeitadora". "A Casa Branca está a reforçar que os americanos sabem o que significa ter garantias de liberdade de acordo com a Constituição. É isso que vamos representar em Sochi e não é diferente do que está patente no espírito do olimpismo", disse a atleta ao jornal USA Today.
Billie Jean King, de 70 anos (vencedora de seis torneios de Wimbledon, um torneio de Roland Garros, quatro Opens dos EUA e um Open da Austrália), mostrou-se "profundamente orgulhosa" por ter sido escolhida para a comitiva. "Estou também muito orgulhosa por representar a comunidade LGBT [sigla para lésbica, gay, bissexual e trangénero] em apoio de todos os atletas que vão competir em Sochi e espero que estes Jogos Olímpicos sejam um momento marcante para a aceitação universal de todas as pessoas", disse King, citada pelo jornal The Guardian.
O anúncio da Casa Branca foi já elogiado por várias organizações de defesa dos direitos LGBT.
"É difícil olhar para esta delegação sem ver nela uma crítica às leis antigay de Putin", disse Andre Banks, director da All Out. Hudson Taylor, fundador da Athlete Ally, considera que levar à Rússia "duas proeminentes atletas LGBT como Billie Jean King e Caitlin Cahow garante que os EUA não vão evitar o apoio à comunidade LGBT em Sochi".

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